Todas as igrejas e casas paroquiais, menos a catedral, foram desenhadas e executadas pelos irmãos espiritanos (José, Scheng…) e equipe formada pela prelazia. Catedral é um caso especial, as informações mais interessantes estão nos livros de história da cidade de Cruzeiro do Sul e no livro de memórias do Pe. Frederico Siegers. Segue um Extrato do livro de memórias do Pe. Frederico: “Aventuta Da Bondade” sobre a construção da Catedral: O Bispo Dom José chamou o arquiteto Jorge Rugardo Bercht, de São Paulo, de origem alemã para elaborar a planta: a igreja seria construída em forma oitavada com 32 m de diâmetro e com 20 m de altura; no lado do Leste seria o previsto o presbitério em forma retangular.
O arquiteto aceitou o convite e elaborou a planta até de graça em gratidão de ter escapado são e salvo da segunda Guerra mundial. Como a prelazia tinha uma olaria própria, o nosso mestre de obras o Irmão Scheng com seus ajudantes começou a construir o madeira-me do telhado.
Só os tijolos e as telhas podiam ser produzidos em Cruzeiro, o resto: ferro, cimento e cal só podiam ser comprados e transportados por água de Belém até Cruzeiro do Sul. Por falta de veículo de transporte todo material da construção foi transportado no lombo de bois até ao pé da obra: da beira de rio ou da terra firme.
Muitas famílias ganharam seu pão de cada dia carregando deste jeito areia e terra, tijolos, ferro e cimento ao local da construção. Dom José lançou a pedra fundamental no dia 10 de maio de 1957 com os dizeres: 10.05.1957- sub tutela matris – sob a proteção da Mãe de Deus.
Quando eu cheguei em Cruzeiro do Sul em 1961 o alicerce da nova Catedral estava pronto. A obra estava parada, porque o dinheiro tinha ficado curto, e porque precisava-se mais tempo para assar tijolos e telhas e para fabricar o madeira-me do telhado.
Durou mais de um ano e meio até tudo estava pronto para reiniciar a obra. Havia um grande problema: como levantar as peças do teto juntadas no chão, cada uma marcada com números e sinais, até a altura das paredes da catedral de 20 metros, pois não tinha guindastes para levantar este peso enorme para cima.
O arquiteto e os Irmãos José e Scheng encontraram a solução, que era genial: o telhado completo foi montado em cima do fundamento: e de lá num ângulo de 45 grãos as oito tesouras duplas subiriam para se encontrar na altura de 20 metros numa peça grossa e enorme de madeira de 70 cm de espessura, chamada de trono imperial.
Então, depois de ter montado todo o telhado, não sei de quantas toneladas de peso, macacos hidráulicos, que foram colocados debaixo dos oito cantos do teto, levantariam o madeira-me, sem as telhas naturalmente, até a altura de 20 metros.
Cada macaco tinha a capacidade de levantar 5 toneladas de peso até a altura de 45 cm. As oito tesouras estavam ligadas entre si por caibros e ligadas com a tesoura no lado oposto em frente por um cabo de aço de espessura de cinco por oito (5/8) polegadas.
Quando todo o telhado estava assim montado, pronto para subir, a construção parecia com uma tenda oitavada, e muitos acharam, que a catedral já estava pronta, faltando só o acabamento.
A esta altura da construção os macacos hidráulicos estavam em ação, ao lado de cada macaco estava um operador coma alavanca do macaco na mão, eu também era um deles. O Irmão José batia num ferro e cada um fazia uma bombeada com o efeito, que este monstro de telhado se levantou por um centímetro, depois do outro plim do ferro outra bombeada assim o telhado subiu centímetro por centímetro até a altura de 45 cm. Blocos de cimento armado pré-fabricados aguentavam o telhado nesta altura e os pedreiros sentavam os tijolos por baixo do telhado. Pena, que não havia possibilidades de filmar a construção da catedral, só existem umas poucas fotos da obra em construção.
Quando as paredes chegaram à altura de 20 metros, o telhado, que também tinha 20 metros de altura chegou a seu ponto final. Na ponta no meio de telhado oitavado o Scheng montou uma torrezinha de 4,50 metros. Desta forma altura total da catedral e de 44,50 metros.
Fonte: Pe. Frederico Siegers: Aventura da Bondade, cap.4.